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Estas velhas Heidelbergs são pura arqueologia industrial, mas ainda imprimem cortantes e ouro quente.

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A arte de imprimir tem duas caraterísticas contraditórias: é dos sectores mais revolucionados pela tecnologia, em vagas sucessivas, nos últimos anos; mas é também herdeiro de uma orgulhosa tradição de mestria profissional e de saberes transmitidos, em gerações sucessivas, de mestres para aprendizes.

Até quase ao fim do século vinte, um profissional de artes gráficas começava a sua carreira como aprendiz, muitas vezes ainda criança, e ia subindo os degraus de qualificação até chegar a oficial de primeira, mas cada promoção era marcada por uma prova prática bem difícil organizada pelo sindicato, sob a responsabilidade dos mais antigos.

Desse modo, os gráficos mantiveram um lugar de grande prestígio entre todas as classes profissionais, devido à formação cuidada dos seus pares e a um enorme brio profissional que se desenvolveu com estas práticas.

Várias inovações (primeiro o offset, depois a informatização das operações de composição, a impressão digital, o desktop publishing e a Internet) mudaram de tal forma o sector que um gráfico antigo dificilmente o reconheceria. Mas certos processos tradicionais mantêm-se, teimosamente, recusando-se a ser destronados (por enquanto) pelas tecnologias do futuro.

Impressão a ouro quente e relevo

Por exemplo, em certos trabalhos mais luxuosos usa-se a impressão a ouro, quer se trate de emblemas ou brasões, quer de letras. Nem o offset nem a impressão digital podem resolver este problema. No offset há tintas especiais a que chamamos ouro frio e prata fria, que se aproximam, mas falta-lhes o brilho autêntico do ouro ou da prata.

Zincogravura para 
							impressão a ouro quente

Zincogravura usada para imprimir a ouro quente. Para quem não está habituado a ler gravuras espelhadas, o que está escrito é "PORTO BRANDÃO – RESTAURANTE". A gravura tem que ser espelhada para que o resultado impresso apareça "a direito".

A impressão autêntica com ouro recorre a uma zincogravura (gravura em zinco) aquecida com uma resistência elétrica que, ao encostar no papel, comprime contra este uma película de ouro. Por estar muito quente, a gravura deixa no papel a sua imagem em ouro fundido. Para tratar destas impressões, é necessária uma velha impressora plana como a Heidelberg no topo da foto, não para imprimir com tipos de chumbo mas para usar o tabuleiro de impressão como suporte da gravura aquecida.

Outra aplicação das velhas máquinas do chumbo é o relevo. Este obtém-se comprimindo o papel contra, mais uma vez, uma zincogravura, de forma que o relevo da gravura fica marcado no papel. Entre outras aplicações, este é o processo para criar os selos brancos.

Cortante

Cortante para um envelope grande (saco). As lâminas estão montadas numa base de madeira. As do exterior cortam, mas as do interior apenas vincam.

Corte & vinco

Mas a grande utilidade destas velhas máquinas extremamente robustas é no que, na Arte, chamamos o corte & vinco. Pensamos na impressão como produzindo pedaços de papel retangulares ou quadrados, mas muitas vezes é preciso cortar o produto final de formas mais criativas, por exemplo cartões de cantos redondos, bases de copos circulares, cartões de Natal em que a forma recorta a árvore de Natal... ou ainda pastas para documentos com as suas badanas, ou embalagens entregues espalmadas mas que possam ser facilmente montadas nas fábricas dos seus produtos.

Essas máquinas são então usadas para comprimir uma lâmina montada numa placa de madeira (a que chamamos cortante) contra a folha de papel, dando-lhe o recorte necessário. O cortante inclui, na sua base de madeira, lâminas que fazem cortes mas também outras que fazem vincos, menos profundas, mais suaves, que não cortam mas apenas vincam e assim facilitam a dobragem da peça de forma exata.

Aqui vemos um cortante montado no tabuleiro de impressão da Heidelberg cilíndrica, no lugar onde estaria o original em tipos de chumbo. Neste caso, trata-se de uma pasta de cartolina para documentos, previamente impressa em offset.

A força necessária para cortar e vincar destruiria num instante uma moderna máquina de offset, tanto mais que estas peças são normalmente impressas em cartolinas mais grossas. Ainda bem que existem estas máquinas de uma outra era para usar nestes serviços!

Verniz UV e plastificação

Outra forma comum de acabamento é o verniz ultravioleta, mate ou brilhante, ou a plastificação, também mate mate ou brilhante. Quando o verniz ultravioleta é localizado, ou seja, impresso em certos locais do papel e não noutros, conseguem-se efeitos espetaculares. Estes processos recorrem ao offset.

Mas, apesar da paixão que temos pelos velhos métodos de impressão, não estamos virados para o passado. Das feiras profissionais a que vamos vêm notícias de processos inovadores de impressão digital que, mais uma vez, prometem novas proezas e vão virar de pantanas o nosso negócio.

Nada a que não estejamos habituados... Porque, no fim de contas, há que inovar para conseguir levar

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  05-11-2015